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Santander: taxa de desemprego mensal já caiu a um dígito
Com o recuo da taxa de desemprego trimestral a 10,5% em abril, a taxa de desocupação mensal do Santander voltou a 9,4%, feito o ajuste sazonal. Esta é a primeira vez que o indicador calculado pelo banco cai abaixo dos dois dígitos desde dezembro de 2015. Em março, o indicador estava em 10,3%.
Em relatório a clientes, o economista Gabriel Couto ressalta que o mercado de trabalho segue demonstrando força mesmo após se recuperar do impacto causado pela variante ômicron do coronavírus.
“Além disso, os dados indicam que tanto a população empregada como a força de trabalho mostraram forte alta na margem, corroborando os resultados positivos encontrados em outros indicadores”, escreve Couto.
Na desagregação por ramo de atividade, o setor de serviços novamente liderou os ganhos de geração de vagas e agora já está completamente recuperado em relação ao cenário pré-pandêmico, diz o relatório. Além disso, praticamente todos os demais setores registraram ganhos.
O Santander também prevê que a geração de vagas irá desacelerar na segunda metade do ano, afetada pelos efeitos defasados da política monetária. Ainda assim, o resultado de hoje coloca um viés positivo para as projeções do banco para o mercado de trabalho brasileiro.
Perspectivas negativas para o segundo semestre
A sequência de surpresas positivas com o mercado de trabalho desde o início do ano é “fruto de uma volta à normalidade debilitada do período pré-pandemia, e não uma mudança em sua dinâmica”, mantendo um quadro desafiador de elevada ociosidade, na avaliação do economista da Tendências, Lucas Assis.
Em relatório a clientes, o analista destaca que o desempenho também melhor que o esperado da atividade ajudou a população ocupada a chegar a 96,5 milhões de pessoas no trimestre móvel até abril. “Apesar da expectativa de considerável desaceleração na margem, o crescimento do contingente de ocupados neste ano promete ser impulsionado pela recuperação de setores econômicos intensivos em trabalho, como os serviços às famílias, cuja mão de obra ainda segue em processo de recuperação dos prejuízos econômicos causados pela covid-19”, diz.
Apesar da melhora, a Tendências projeta alta do desemprego no segundo semestre do ano, em linha com a desaceleração econômica que deve ocorrer na esteira “do aperto monetário, de incertezas políticas internas e da desaceleração global, bem como do encerramento definitivo do Programa BEm pelo Governo Federal”. diz Assis. A tendência projeta uma taxa de desemprego de 10,8% para 2022.
Em relação aos salários, o economista vê manutenção do atual quadro, em que o aumento de empregados não se traduz em ganhos de rendimento real habitual, o que é fruto de uma combinação de abertura concentrada em vagas de baixa qualidade, a manutenção da inflação em patamar elevado, ausência de aumento real no do salário-mínimo e desaceleração econômica.
Já a massa de rendimento real habitual, que é a interação entre renda por hora trabalhada, a jornada média e o número de trabalhadores ocupados, cresceu 2,4% no trimestre encerrado em abril, na comparação dessazonalizada com o trimestre imediatamente anterior e 3,1% ante o mesmo período de 2021. “Enquanto os salários ficarão mais um ano sem ganhos reais, a massa de renda real habitual deve avançar em 2022, após dois anos consecutivos em queda”, ressalta.
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